sábado, 1 de agosto de 2015

REGRESSO

Em cada canto revejo a minha infância...
outras rosas iguais a estas rosas,
nenhuma tinha o perfume da lembrança
que estas rosas têm,
estas rosas colhidas no jardim distante
-- os ponteiros parados do relógio da torre
que horas marcam?
 Passou o tempo
ou é o emigrante que volta quem mudou?
Tudo me sabe ainda ao que deixei,
ou quero que me saiba porque sei
a recordação do que era?...

Em cada canto me encontro como fui
-- como sou, estrangeiro na minha casa,
ninguém, nem eu, me reconhece agora.

Joaquim Namorado
(1914-1986)
In " A Poesia Necessária"

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