ÀS VEZES JULGO VER NOS MEUS OLHOS
Às vezes julgo ver nos meus olhos
A promessa de outros seres
Que eu podia ter sido,
Se a vida tivesse sido outra.
Mas dessa fabulosa descoberta
Só me vem o terror e a mágoa
De me sentir sem forma, vaga e incerta
Como a água.
Sophia Mello Breyner Andresen
(1919-2004)
In "Obra Poética"
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