quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Francisco Brines


SONHO PODEROSO


Qual é a glória da vida, agora
que não há glória nenhuma
senão a empobrecida realidade?
Acaso conhecer que o desengano
não te arrancou esse desejo fundo
de viver mais?

A glória da vida foi acreditar
que existia o eterno;
ou talvez fosse a glória da vida
aquele poder simples
de criar, com o claro pensamento
a fiel eternidade.
A glória da vida, e o seu fracasso.

Francisco Brines (1932)
"Ensaio de uma Despedida"
Tradução de José Bento.

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