quinta-feira, 8 de outubro de 2015

ERA MINHA DOR TÃO ALTA


Era minha dor tão alta
que a porta da minha casa
donde saí soluçando
chegava à minha cintura.

Que pequenos pareciam
os homens que iam comigo!
Cresci como uma  labareda
de pano branco e cabelos.

Se prostrassem minha fronte
os touros bravos saíam,
luto em desordem, dementes,
contra os corpos humanos.

Era minha dor tão alta
que avistava o outro mundo
olhando sobre o poente.

Manuel Altolaguirre
(1905-1959)
Trad. de José Bento

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