domingo, 12 de setembro de 2010

William Blake


QUINTA-FEIRA SANTA


Como é possível vermos nesta terra,
numa terra afinal rica e fecunda,
crianças reduzidas à miséria
nutridas p'la mão fria da usura?

Pode este apelo trémulo ser um canto?
Pode ele ser um canto de alegria?
Há entre nós tantas crianças pobres?
Que terra de miséria a nossa terra!

E para elas nunca o sol rebrilha;
para elas os campos não produzem;
para elas, caminhos só de espinhos;
para elas, eterno é o Inverno.

É preciso onde quer que brilhe o sol,
é preciso onde quer que a chuva caia
que nunca mais crianças tenham fome
nem a pobreza mais lhes tolha a alma.

William Blake
(1757-1827)

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