«DEIXEM-SE DE FINGIR»
Deixem -se de fingir de heróis da esquerda,
com bancos e bancas de advogado, redacções,
editoriais, automóveis, bolsas e cátedras,
quintas herdadas, páginas literárias.
Deixem-se de uivar em defesa de ismos
que nenhum vos pertence ou a que pertenceis
a não ser para dançar a dança desnalgada
dos que não têm vergonha do povo português.
O único ismo em consonância com os arrotos
de bem comidos, e os rosnidos de instalados
naquilo que criticam disfarçando-se,
é o relismo - de reles. Nada mais.
Jorge de Sena, de "Conheço o sal", in Antologia 40 Anos de Servidão - Circulo de Poesia, Morais Editores
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