CACILDA DO PRANTO
Fechei a minha varanda
pois não quero ouvir o pranto
mas por trás dos pardos muros
não se ouve mais que o pranto.
Há poucos anjos que cantem,
muito poucos cães que ladrem,
mil violinos cabem na palma desta mão.
Mas o pranto é um cão imenso,
o pranto é um anjo imenso,
o pranto é um violino imenso,
as lágrimas amordaçam o vento,
e não se ouve nada mais que o pranto.
Federico Garcia Lorca
(5/6/1898-19/8/1936)
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