NÃO OLHO PARA NADA DE OLHOS PLÁCIDOS.
Não olho para nada de olhos plácidos.
Em cada pensamento estou inteiro.
Inteiro estou na minha vã presença
e, tão inteiro como em mim, em tudo.
Choram rios de angústias e de espanto
na voz cortante e baça com que choro.
Cantam milhões de risos e certezas
na voz vermelha e doce com que canto.
Sangram milhões de chagas se protesto.
A cada instante morro e reverdeço.
Quanto mais fundo no mundo me enraízo
tanto mais em mim mesmo me conheço.
Armindo Rodrigues
(1904-1993)
In "A Esperança Desesperada"
1ª Edição (Coimbra 1948)
Dedicado "Ao Carlos de Oliveira e ao Joaquim Namorado"
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