sábado, 10 de novembro de 2012



CASA DAS SEMENTES
 
 
É triste não possuir uma casa de sementes.
Não adianta amar essas partículas ali ociosas,
nem desejar que nidifiquem sem granizo
e irrompam como a chama de uma vela.

É triste pagar um preço pelo que há-de nascer,
que o bersim perca a cor alazã penetrando na terra
e o trevo da Pérsia alimente a boca das reses.

É triste que não recusem essa densa, pródiga,
obstinada servidão, a vitalidade apaixonada pelo sol,
e não façam, como um camponês, as suas contas,
exigindo a Deus e aos homens o salário da maquinação.
 
António Osório.

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