sábado, 17 de novembro de 2012

 A SAQUE E A SANGUE
 
 
Na minha cidade a saque e a sangue
um grilo sacana canta e não canta
um grilo couraçado, desesperado
dentro da gaiola, pequena garganta

Conheço estas vozes que cheiram a tabaco
e dizem e dizem a saque e a sangue
a missão do poeta na miséria dos tempos:
Construir uma Rosa, suicidar-se estanque
   
ou viver pesaroso, fumador de navios,
ou vampiro feliz na encruzilhada dos rios

António Barahona da Fonseca
In "Grifo" (1970)

Sem comentários:

Enviar um comentário