SOLIDÃO
Estás todo em ti, mar, e, todavia,
como sem ti estás, que solitário,
que distante, sempre, de ti mesmo!
Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas vão, como os meus pensamentos
e vêm, vão e vêm
beijando-se, afastando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se.
És tu e não o sabes,
pulsa-te o coração e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar solitário!
Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)
In "Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea"
Trad. de José Bento.
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