FRENTE
Esta é a frente; aqui não há
o menor tom de brincadeira.
Já nada valem literaturas;
esta é a frente dura e seca.
É a bala e o corpo humano:
É a terra e corvo sinistro.
É a cabeça e é a mão.
É o coração contra o ferro.
É subir e descer canhões
por lombas atónitas de medo.
É aguentar facas, capacetes
sem mexer-se da trincheira.
É acompanhar os tanques
monstruosos no seu sondar.
É não beber e não comer,
e não dormir um dia inteiro.
É sair com a fronte erguida
ou sobre a lona do maqueiro.
José Moreno Villa
(1887-1955)
In "Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea"
Trad. de José Bento.
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