domingo, 9 de maio de 2010

Pedro Tamen


No clandestino recanto

No clandestino recanto
em que sentado labuto
os pespontos do meu canto,

neste perdido reduto
em que as mãos amadurecem
a peça que fugirá
das mãos dos que não merecem
para andar ao deus-dará
num universo de espanto

em que o amor vai curtido,
calado, surdo, tingido
de uma cor que é o sentido
da salvação que acalanto

-aqui me caio e levanto.

Pedro Tamen
(O Livro do Sapateiro)

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