terça-feira, 11 de maio de 2010

Gonzalo Vásquez


O MEU PAÍS

Este país solitário na sua agonia,
tão nu na sua altura,
tão sofrido no seu sonho,
com o passado a latejar em cada ferida.

A sua nostalgia deflagra
além da pedra;
o metal pairava no sangue
a arder no destino do homem.

De onde flui o rio escuro
a esculpir um rosto áspero como o seu clima,
profundo como o silêncio granítico?

Este país não tem quem o acompanhe
na sua tristeza,
nenhuma mão a deter
o vento furioso
que avança pelas ruas.

Caem lágrimas solitárias
dos seus rostos,
imagens perfuram as pupilas:
o louco assombro da história.
Dissipou-se na morte
o seu coração oculto,
só restou uma caverna de vermes.

Este país tão amado
afundou-se na dor.
É dividido sem piedade,
os ouvidos moucos ao se pranto.
Que destroçado cristal do céu,
que negra a cinza do se corpo
castigado pelo ódio.

Este país
nasceu para o tempo e a esperança,
hoje guarda apenas
a ternura órfã,
a humilde mistura,
a carne extraviada e dolorida!

Gonzalo Vásquez
(Tradução de Jorge Henrique Bastos)
"in Rosa do MUndo 2001 poemas para o futuro"

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