segunda-feira, 6 de abril de 2009

Soneto de Amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas numa língua...,-unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois...Abre os teus olhos, minha Amada!
Enterra-os nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio, in 'Eros de Passagem'
( Poesia erótica contemporânea, Selecção de Eugénio de Andrade.)

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