SONETO DA CHUVA
Quantas vezes chorou no teu regaço
a minha infância, Terra que eu pisei!
( Aqueles versos de água onde os direi,
cansado como vou do teu cansaço?
)
Um véu nos ombros húmidos do espaço,
a chuva nas memórias que guardei!
Sabe meu pensamento porque irei
semeador da esperança a passo e passo.
Se a Terra bebe as dores que me são dadas,
desfeito é já no vosso próprio frio
meu coração, visões abandonadas.
Deixem chover as lágrimas que eu crio:
Menos que chuva e lama nas estradas
és tu, poesia, meu amargo rio!
Carlos de Oliveira
(1920-1981)
In "Líricas Portuguesas"
3ª Série Selecção,prefácio e notas de Jorge de Sena
Portugália Editora (Novembro de 1958)
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