sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

 O LAMENTO DA TERRA.


Um dia quando dissermos: "Era o tempo do sol,
Recordem-se, alumiava o mais pequeno ramo
E tanto a mulher idosa como a rapariga admirada,
Sabia dar a sua cor às coisas mal nelas pousava.
Seguia o cavalo corredor e parava com ele.
Era o tempo inesquecível em que estávamos sobre a Terra,
Em que fazia barulho deixar cair qualquer coisa,
Olhávamos em volta com os nossos olhos versados,
Os nossos ouvidos entendiam todas as subtilezas do ar,
E quando o passo do amigo aí vinha, logo o sabíamos;
Apanhávamos tanto uma flor como uma pedra polida,
O tempo em que não podíamos agarrar o fumo,
Ah! só isso as nossas mãos apanhariam agora."

Julles Supervielle
(1884-1960)
Trad. de Filipe Jarro
In " Rosa do Mundo 2001 Poemas Para o Futuro"

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