AMIGOS DESCONHECIDOS
Quando ouvi onde ouvi este rosto vulgar e fatigado
estes olhos brilhantes lá no fundo
e este ar abandonado e inconformado
que aproxima?
Quando ouvi esta voz
que se eleva em surdina em meu ouvido e diz
frases tão conhecidas?
Quando foi que senti
estes dedos amigos nos meus dedos
este aperto de mão
tão comovidamente prolongado?
Não somos nós dois homens estranhos que se cruzam
com o mesmo passado
e com a mesma féria?
Ah dois amigos velhos que se encontram
pela primeira vez.
Mário Dionísio
(1916-1993)
samuel beckett / bem bem existe um país
Há 20 horas
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