quarta-feira, 24 de março de 2010

Miguel Torga


NÃO TENHO CERTEZAS

Não,não tenho certezas.
Se era esse encanto que vos atraía,
Deixai-me só nesta melancolia
De baixo,aberto e liso descampado.
Quero viver,quero morrer,e quero
Que ao fim a soma seja um grande zero
Do tamanho da ardósia...e apagado

Mas são desejos da fisiologia...
Vagas aspirações do dia-a-dia
Duma bilha de barro
Que não vale o cigarro
Que se fuma.
Não,não tenho certezas;
Tenho bruma.

Miguel Torga
(S.Martinho de Anta,1 de Outubro de 1949)

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