CORAÇÃO
Canta na noite,sentimento da terra,
ou morreste,flor estranha?
Há tanto que chove e nós sem lenha,
sem paz e sem guerra.
Há tanto.E eu sei lá bem
se ainda persistes,
minha incólume esperança.
Vão-me doendo os olhos já de serem tristes.
Vão-me doendo,
que mos turva de sombra o desespero.
E escrevendo à luz débil me pergunto
se é a morte ou a manhã que espero.
Carlos de Oliveira
(Mãe Pobre,1945)
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