terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Miguel Torga.

(Foto Fel de Cão)
Visita

Bateu a morte à minha porta e não entrou.
Também a tanto não a convidei.
Pelo contrário,sacudi-lhe o vulto.
Sei que nunca gostou da minha vida.
Mas,contra tudo e todos,tinha de me cumprir,
Sem cuidar das sanções do desafio.
E por isso teimei no desvario
Dessa infrene quermesse.
Infeliz,se me vejo mergulhado
Na negrura da noite do meu fado.
Feliz,quando amanhece.

Miguel Torga
(Coimbra,22 de Maio de 1990)

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