domingo, 5 de julho de 2009

Poema de Pedro Tamen


A TENTAÇÃO DE SANTO ANTÃO

Por mais que tente escapar-me
com meneios de felino,
de nada vale esse charme:
não tarda e quino.

A pouco e pouco conheço
o tilintar do meu sino
e o pus do abcesso:
não tarda e quino.

Abro os olhos devagar
e a mim mesmo previno
preparado para os fechar:
não tarda e quino.

Estas visões que abomino,
tudo o que acordo e alucino
dos sonos maus de menino,
tudo o que mal descortino
se torna luz e ensino
num desatino contínuo:
não tarda e quino.

(Analogia e Dedos, 2006)

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