Sabendo tudo mais que os outros:
- cinquenta e duas,
inseguras de cada passo:
⁃ quase todas as outras,
prontas a ajudar desde que isso não lhes tome muito tempo:
⁃ quarenta e nove, o que já não é mau,
sempre boas porque incapazes de ser outro modo:
⁃ quatro;
enfim, talvez cinco,
prontas a admirar sem inveja:
⁃ dezoito,
induzidas em erro por uma juventude, afinal tão efémera:
⁃ mais ou menos sessenta,
com quem não se brinca:
⁃ quarenta e quatro,
vivendo sempre angustiadas em relação a alguém ou a qualquer coisa:
⁃ setenta e sete,
dotadas para serem felizes:
⁃ no máximo vinte e tal,
inofensivas quando sozinhas, mas selvagens quando em multidão:
⁃ isso, o melhor é não tentar saber mesmo aproximadamente,
prudentes depois do mal estar feito:
⁃ não mais do que antes,
não pedindo nada da vida excepto coisas:
⁃ trinta, mas preferia estar enganado,
encurvadas, sofridas, sem um lanterna que lhes ilumine as trevas:
⁃ mais tarde ou mais cedo, oitenta e três,
justas:
⁃ pelo menos trinta e cinco, o que já não é mau,
mas se a isso juntarmos o esforço de compreender:
⁃ três,
dignas de compaixão:
⁃ noventa e nove,
mortais:
⁃ cem por cento, número que, de momento, não é possível mudar.
Wislawa Szymborska
Raúl Nieto de la Torre (Magra)
Há 8 horas
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