domingo, 6 de setembro de 2015


 CASAS CAIADAS


«Por entre casas caiadas
de luar e de silêncio,
paira no meio da estrada
a poeira de outros tempos...

Por entre casas caiadas,
mas com desgraça por dentro
(ó varandas enfeitadas
com trepadeiras de vento!),

algumas desmanteladas,
de apodrecidas empenas
(todavia nos telhados
antenas e cataventos...),

por entre casas caiadas,
por entre casas (Silêncio,
que ronda o medo na estrada
em automóveis cinzentos!)

há jorros de luz salgada,
há torrentes de veneno...

E dentro daquelas casas
quando foi que morremos?»

David Mourão-Ferreira
(1927-1996)
In "Obra Poética"

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