terça-feira, 4 de novembro de 2014

ESPERA SEMPRE.


Entre os anos, a morte espera sempre,
qual uma árvore secreta que sombreia,
de súbito, a brancura de um carreiro,
e vamos caminhando e surpreende-nos.


Então, na orla da sua sombra,
um tremor misterioso nos detém:
olhamos para o alto, e nossos olhos
rebrilham, como a lua, estranhamente.

Como a lua, na noite penetramos,
sem saber onde vamos, e a morte
em nós vai crescendo, sem remédio,
com um doce terror de fria neve.

A carne decompõe-se na tristeza
de terra sem claridade que a sustém.
Ficam somente os olhos que interrogam
entre a noite total e nunca morrem.


José Luis Hidalgo
(1919-1947)
Tradução: José Bento

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