sábado, 4 de outubro de 2014

ENTRONIZAÇÃO


Tenho o braço cansado,
A mão dorida, trôpega...
Mas uma espécie de ânsia sôfrega
Ordena:
Empurrar tudo!
- Não quero, nem passado,
 Nem presente,
Nem futuro!-

O braço faz de muro,
A mão abre  caminho, coerente...

Quero uma estrada cá dentro...lisa, plana,
Para a tua palavra mágica, profética,
Bela e magnética,
Passear livremente,
E demoradamente!...


Leonor de Almeida
(N. 1915)
In " Caminhos Frios"
(1947)

Sem comentários:

Enviar um comentário