domingo, 30 de março de 2014

ESPERAS.

Uma cidade ao fundo aguarda um vento.
Nela passas. Quem vê engana-se,
quem não olha conhece.
Olhar muito foi luz: cegos teus olhos.

Cala-te. A sombra avança. É a cidade que dorme ainda em mais sono.
Pó nocturno e olhos,
olhos nessa névoa escura. Em cima, a noite.
Cala-te. A solidão deitada também dorme.
Sozinho, nu,
esperas.

Vicente Aleixandre
(1898-1984)
Tradução: José Bento

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