sábado, 5 de janeiro de 2013

 EXCESSIVAMENTE PESSOAL

De pedra sem um gesto
escolho o silêncio voluntário

De pedra sem um gesto
escolho este frio
como um rio de fogo branco
imerso na paisagem do amor enxovalhado

De pedra sem um gesto
oiço agora o que só ouve quem
também de pedra e sem um gesto
 pode ouvir o que não ouve
quem agitado e alegre nesta hora
 nada sabe de lá e para lá

porque só deste tempo
neste odioso tempo
agitado e alegre morto jaz

Mário Dionísio
(1916-1993)

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