quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Francisco Quevedo


A UM HOMEM COM UM GRANDE NARIZ


Um homem era a um nariz pegado,
era esse um nariz superlativo,
era esse um alambique meio vivo,
era esse um peixe-espada mal barbado;
um relógio de sol mal encarado,
elefante de tromba em pé, lascivo,
nariz algoz e escriba, punitivo,
um Ovídio Nasão mal narigado.
Era esse o esporão de uma galera,
era esse uma pirâmide do Egipto,
as doze tribos de narizes era;
era esse um narizíssimo infinito,
enorme arquinariz, carranca fera,
inchaço garrafal, purpúreo e frito.

Francisco Quevedo (1580-1645)
Tradução de José Bento

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