sábado, 28 de novembro de 2009


SONETO.

É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
bem que duas gamboas lhe lobrigo;
dá leite, sem ser árvore de figo,
da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:

Verga, e não quebra, como o zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
brando ás vezes, qual vime, está consigo;
outras vezes mais rijo que um pinheiro:

À roda da raiz produz carqueja:
todo o resto do tronco é calvo e nu;
nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carvalho ser falta-lhe um v;
adivinhem agora que pau seja,
e quem adivinhar meta-o no cu.

Bocage( Poesias Eróticas, Burlescas e satíricas)

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