domingo, 30 de janeiro de 2011

Adolfo Casais Monteiro


TERRA MORTA

Um canto áspero, sem perfume,
Pela noite fora vem.
Vozes neutras e sem lume,
Nem amor têm.

Um canto álgido e soturno,
Canto de morte,
Vem como um vento contra as janelas,
Vento de noite de tempestade
Contra as janelas da nossa vida.

Como asas longas de morcegos
Lá fora a noite perpassa
Grande mãos frias sobre as coisas...

Adolfo Casais Monteiro
(1908-1972)

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