domingo, 30 de agosto de 2015


SÚPLICA

Para alguém, foi, do teu olhar a flama,
Como, após noite escura, a luz d'aurora.

Da «selva oscura» entre a sombria trama,
Ouve, mulher, como esse alguém t'implora.

Oh, baixa sobre mim o olhar fulgente!...

Que o teu olhar é bálsamo que inora,
Do céu sobre este seio, em que, latente,

Remorde, há muito, o cancro de um anseio,
De um desejo insensato e sede ardente

De um não sei quê, que em teu olhar eu leio.


Ângelo de Lima
(1872-1921)


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