NEVOEIRO
Quem poderá saber que estranha bruma
Brotou caladamente em minha volta
Pra que eu perdesse as horas uma a uma
sem um gesto, sem um grito, sem revolta.
Quem poderá saber que estranhos laços
que sabor de morte lento e amargo
sugaram todo o sangue dos meus braços -
o sangue que era sede do mar largo
Quem poderá saber em que respostas
Se quebrou o subir do meu pedido
Para que eu bebesse imagens decompostas
à luz dum pôr de sol enlouquecido
Sophia Mello Breyner Andresen
(1919-2004)
Eloy Sánchez Rosillo (Tarde de Junho)
Há 5 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário