domingo, 2 de agosto de 2015

 SILÊNCIO


Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas

pelo silêncio fascinadas.


Eugénio de Andrade
(1923-2005)

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