Diremos a verdade, sem descanso, pela honra de servir, sob os pés de todos. Detestamos os grandes ventres, as grandes palavras, a indecente ostentação do ouro, as cartas mal distribuídas pela sorte, o denso fumo do incenso a quem é potente. Agora é a vil raça dos senhores, agacha-se no seu ódio como um cão, ladra de longe, ao pé usa cacete, segue, para além da lama, caminhos de morte. Com a canção construamos no escuro altas paredes de sonho, defesa deste turbilhão. Pela noite chega o rumor de muitas fontes: estamos fechando as portas do medo. Salvador Espriu (1913-1985)
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