OS HOMENS DA MINHA RUA DE CASAS DE MADEIRA
Os homens da minha rua de casas de madeira,
telhados de folha velha,
usam sempre o chapéu atirado para os olhos.
Deslizam em silêncio, embuçados e tristes,
como quem vem de longe, como quem vai para longe…
A minha rua é longa,
com mil e uma pequeninas poças de água.
E tão estreita
que nunca o sol das ruas largas sem casas de madeira
a pôde visitar.
E os homens contam as poças.
E de olhos nas poças, nas pedras, nas poças,
deslizam em silêncio, embuçados e tristes,
como quem vem de longe, como quem vai para longe…
porque usarão – porquê? – sempre o chapéu sobre os olhos,
os homens da minha rua de casas de madeira?
Mário Dionísio
(Lisboa, 16/7/1916 – Lisboa, 17/11/1993)
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