O INSONE
Meus olhos abertos!
Levai-me até ao mar
a ver se adormeço!
Aqui tão distantes,
não se hão-de fechar
meus olhos abertos.
Chorarão lembranças,
formarão um mar
de pranto e desejo.
Um mar sem consolo,
que me há-de levar
à insónia eterna.
Não imitam os beijos
nem doces cantares
a onda e o vento.
A onda e o vento!
Quero ver o mar,
a ver se adormeço!
Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)
in Antologia Poética, Trd. José Bento
(Prémio Nobel da Literatura 1956 )
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