VEM COMPANHEIRA...
Vem companheira há tanto desejada
nas fundas noites deste cativeiro
A vida é brasa e o mundo inteiro
é ave de asa calcinada
Vem que te espera em cada prisioneiro
a sequiosa força concentrada
Séculos de dor e sede recalcada
- um estigma falso de outro verdadeiro
Haverá festa quando tu chegares
amor músicas danças e cantares
o voo largo pleno descoberto
Por cada gota de água que trouxeres
os jovens te darão se tu vieres
o sangue do seu braço enfim liberto.
João Apolinário
(1924-1988)
in "Morse de Sangue"
Sem comentários:
Enviar um comentário