NADA NA VIDA ME É ALHEIO
Nada na vida me é alheio.
Tudo no mundo me comove.
De assombro o sol adunco as asas move.
Ou move o sol o meu anseio?
Nada na vida me é alheio.
Que valho eu mais que o baço pó que piso?
É em vão que medito e me fatigo.
Mas a cada desânimo bendigo
O pão de que preciso.
Que valho eu mais que o baço pó que piso?
Exala, rosa, o teu aroma forte.
Solta os cabelos, vento.
Reparte-te em migalhas, meu pensamento.
O sossego é a morte.
Exala, rosa, o teu aroma forte.
Armindo Rodrigues
(1904-1993)
in " Líricas Portuguesas" 2ª série 1945.
Sem comentários:
Enviar um comentário