UM ROUXINOL.
Ó rouxinol da noite, que astro feito trino,
rosa feita harmonia, em tua garganta canta?
Pássaro do prazer, em que prado divino
bebes a água pura que te molha a garganta?
Para que a tua voz seja a glória, único eleito
pela noite de Maio, que pureza de sons
vês na tua frente e ergues com teu pequeno peito
imensa como um céu ou um mar de encarnações?
É o setim do luar que reveste a urna
de tuas jóias azuis, palpitantes e belas?
Chama em teu peito um deus? Ou a que antiga e nocturna
eternidade roubou o teu bico as estrelas?
Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)
in "Antologia Poética"
Trad. de José Bento.
Sem comentários:
Enviar um comentário