NOCTURNO DE MOGUER
"As árvores não estão sós:
estão com as suas sombras.
A alma é que está só.
A Lua atira ao vale
sua prata redonda.
Uma vinha de cinza
enflora a estrela louca.
As colinas não vão sós:
andam com a sua aragem.
A alma é que anda só.
Ouço o mundo assobiar,
búzios o acompanham.
O mar, num claro abraço
de homem e mulher, se arrouba.
E os rios não vão sós
pois vão com as ondas.
A alma é que vai só."
Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)
(Prémio Nobel 1956)
In "Antologia Poética"
Trad. de José Bento.
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