terça-feira, 23 de novembro de 2010

Wilfred Owen


CÂNTICO DA JUVENTUDE CONDENADA


Que sinos dobram por estes que morrem como gado?
-Apenas a monstruosa ira das armas.
Apenas o estrépito veloz do gaguejar das espingardas
Lhes pode recitar maquinalmente apressadas preces.
Por eles não há agora motejo; nem orações nem sinos,
Nem nenhuma voz de pranto a não ser a dos coros-
Coros estridentes e loucos de granadas lastimando-se;
E clarins reclamando-os em terras tristes.

Que velas se poderão acender para os apressar a todos?
Não nas mãos dos rapazes, mas nos seus olhos
Brilharão os sagrados lampejos das despedidas.
Os rostos pálidos das raparigas são as suas mortalhas;
As suas flores, a ternura de mentes resignadas,
E cada lento anoitecer um cerrar de persianas.

Wilfred Owen
(1893-1918)
Tradução de Cecília Rego Pinheiro.

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