ALEGRIA
A tua vida avança dentro de mim,
e canto-te todas as canções de amor
que ainda posso recordar: boleros rasgados
que a razão já converteu em tumbas,
lieder românticos como a podridão
que pode brilhar na escuridão,
o desejo a encalhar-se na garganta cancerosa
da canção francesa. Canto
no vento das árias perdidas
as canções de embalar que são buracos
no cobertor triste da infância.
Canto para ti mas ninguém sabe.
Não sabem por que sou um velho que canta.
Joan Margarit
in "Casa da Misericórdia"
Sem comentários:
Enviar um comentário