quinta-feira, 18 de novembro de 2010

José Ángel Valente


CONSINTO


Devo morrer. E, contudo, nada
morre, porque nada
tem fé suficiente
para poder morrer.

Não morre o dia,
passa;
nem uma rosa,
apaga-se;
resvala o sol,
não morre.

Somente eu, que toquei
o sol, a rosa, o dia,
e acreditei,
sou capaz de morrer.

José Ángel Valente
(1929-2000)
Tradução de José Bento.

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