AQUI NOS RETARDAMOS
Aqui nos retardamos,sitiados
de olhares recolhidos, baixas vozes,
os lábios sequiosos, as mãos neutras
e silêncio, silêncio espesso e medo.
Aqui nos iludimos, aqui já
não somos mais que instantes repetidos.
Pequenos, vãos instantes, ou espaços
aliados,preenchidos duma pouca
de esperança cadenciada ao só bater
do coração em febre e pensamento.
Aqui é que existimos e aqui
é que nos chega o resto da alegria
que dentro construímos e nos guarda
o melhor do que somos e negamos.
José Augusto Seabra
(1937-2004)
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