domingo, 13 de março de 2011

Luís Veiga Leitão


A ESCRITA:


Filho do povo criado nas alturas
com pinheirais em torno e um vento cru
rachando a solidão das fragas duras
que nos tratam por tu.
Daí
esta sede saibrosa que nos cresta
(nem sei ó meu irmão como tu medras)
Daí
esta fome surda de giesta
comendo a terra das próprias pedras
Filha dos montes que não tem nome
e pastora de um corpo a ver que o rebanho
do tempo breve come.
Um relâmpago a tua formosura.

Luís Veiga Leitão
(1912-1987)
in "Dispersas"

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