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CIGARRA
Esta não é filha do sol
com pernas e pés de marinheiros
subindo às árvores das herdades.
Esta é preciso ouvi-la dias inteiros
aquém das grades.
Esta
não chama para os campos doirados
onde o canto é livre e aquece, morno.
Mas para silêncios hirtos e cerrados
com fardas e armas em torno.
Desde o sinal das auroras
até à noite que plange
amortalhando as horas,
seu canto não canta, range…
Ó cigarra das torvas claridades!
Seus cantos só pode cantá-los
a boca de pedra e dentes ralos
do ferro nas grades.
Luís Veiga Leitão
(1912-1987)
in Noite de Pedra,1955
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