![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG7152hIeIU38kk-MCO1d5ecb1_gBA1G8BOBjb-pFX-vlEU06lyFqeD4cwoco0Vcu1em3Gx6lxPL2TWIH8asqI2il5XhTxMJUGMAGdk4Rn0WiAyrrwxh1_KJBpeHaG1eu0oOoLiidr8oU/s320/220px-Cesar_vallejo_1929_RestauradabyJohnManuel.jpg)
PEDRA NEGRA SOBRE UMA PEDRA BRANCA
Morrerei em Paris com aguaceiros,
num dia do qual já tenho a lembrança.
Morrerei em Paris – daqui não saio –
numa quinta-feira, como hoje, de outono.
Quinta-feira será, pois hoje, quinta-feira,
em que estes versos proso, dei os úmeros
à pouca sorte, e nunca como hoje
voltei, com todo o meu caminho, a ver-me só.
Morreu César Vallejo, espancavam-no
todos sem que lhes fizesse nada;
davam-lhe forte com um pau e forte
com uma corda também; são testemunhos
as quintas-feiras e os ossos úmeros,
a solidão, os caminhos, a chuva...
César Vallejo
(Tradução de José Bento)
Sem comentários:
Enviar um comentário