segunda-feira, 4 de julho de 2011
Juan Ramón Jiménez
POESIA
Veio, primeiro, pura,
vestida de inocência;
amei-a como um menino.
Depois foi-se vestindo
de não sei que roupagens;
e fui-a odiando, sem sabê-lo.
Chegou a ser rainha,
faustosa de tesouros...
Que fúria de fel e sem sentido!
...Porém, foi-se despindo.
E eu então sorria-lhe.
Ficou só com a túnica
da inocência antiga.
Confiei nela de novo.
E despiu a sua túnica,
e surgiu toda nua...
Oh paixão da minha vida, poesia
nua, minha para sempre!
Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)
Prémio Nobel em 1956.
In "Antologia Poética"
Tra. de José Bento.
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