sábado, 14 de maio de 2011

Julia Uceda


VOZ SEM ECO


Quando a aranha tece a sua imensa teia,
quando sobre a areia avança a espuma,
onde está o homem.
Onde está o homem que os ventos arrastam
perdido entre suas folhas e suas névoas
e por fim o deixam só em margens mortas.
Onde está o homem.
Onde se sonha.
Sua voz, sem eco, onde ressoa.
Que ergue o lenço quando ele se afasta.
Quem, se está só, chama à sua porta.
E se caminha, aonde chega
e quem o espera.

Só a imensa lua olha suas pegadas.
Quando se deita sobre a terra,
quem o acompanha à outra margem.
E nesse lado, quem então o acorda...

Se ele acorda.

Julia Uceda
In "Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea"
Trad. de José Bento.

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